quinta-feira, 27 de abril de 2017

trajeto que faço com minha mulher catarina crystal


depois de falar de tantas dores,
desmembradas falas 
de cousas feridas,
relampejo no que penso
para melhor realizar o faiscar,
a hortênsia viagem,
nos tijolos da casa,
na mó do moinho 
da alta expressão,
palheta por palheta,
santuários de espadachins
que nos desafiam 
por dentro do vento
da imaginada batalha
entre o romântico 
ser de cervantes
e o cavalheiro das trevas
de quem não dorme
para alongar o dia noite

ai você vai dizer 
que edu planchêz é
um dos ases 
da escrita contemporânea,
ou mergulhar-me na garganta 
de uma serpente marinha
para que de algum modo 
eu suma
para não ser ouvido
nem notado

a cantora fátima guedes 
nos disse que é preciso
não jogar conversa fora,
se somos porta-vozes 
do explicável inexplicável,
por que não bradar
que a primeira 
escola de samba nasceu
no estácio de sá
e nas canoas dos tamoios
daqui de dentro?

e esse rio de janeiro...
redigiu em sua barriga versos
que se esparramam
pelos quartéis das formigas,
pelos ouvidos dos que somem
e aparecem nos palco das ruas,
nas labaredas dos enxames
de vespas rajadas
que sobem e descem
pelas franjas dos troncos
das jaqueiras que cresce
na grajaú-jacarepaguá,
trajeto que faço 
com minha mulher 
catarina crystal
para sair e vir para casa,
para ganhar o mundo
sem a tampa da cabeça
para os pássaros entrarem

( edu planchêz )

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