domingo, 16 de abril de 2017

esqueletos das nuvens


nos rastros do que vejo, 
imprimo,
toneladas de desenhos,
cortes de luas resgatadas 
pelas lentes do eu
bem nas margens 
vivas do guaíba,
sorvetes que sorvi 
nos armazens de alegrete,
esqueletos das nuvens 
de montevideo

elís regina, à ouço
derramando-me em lágrimas,
em rajadas de sangue,
movido pelo sentimento,
pela reflexão aguda
do que é ser mais que mulher,
do que é rasgar-se
vendida para os mercadores
de invenções

a que canta morrendo,
a que debanda-se aos cristais
feitos de ossos
pendidos nas gotas da chuva

você compreende?
não? sim? indiferente,
pois a que ultrapassou
todas fronteiras,
não mede passos
por dentro do abismo

passo a borracha nas borras
deixadas nas coisas
em que pisamos
vendo ou não,
não há como apagar,
não há,
nem carece disso

o vento que nos respira
e respiramos
contém as vozes ( nossas )
embutidas no vagão,
nas rodas do veículo
que leva para o fundo o rabisco
de nossas faces e bocas

( edu planchêz )

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