quinta-feira, 27 de abril de 2017

barrancos moles


no buraco que me deixa ver a árvore,
ponho o olho, a borboleta e o sapo;
vez por outra emendo as notas do ar
com as notas do ar,
e há terra movendo-se,
e há besouros plantados nas locas,
nos vastos trevos 
que se parecem dedos

chamo o jaboti, a cigarra e a ema
para nas âncoras que lanço
com os pé pousarem seus ovos

e eu vivo na linha das coisas
que se abrem sobre o capim,
nos alicerces que prendem as plantas
nos barrancos moles
na venda dos céus compro
o que preciso para mover um sorvete
em direção a boca

( edu planchêz )

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