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difícil ficar calado
assim que acordo,
abro os olhos e digo
( porque não estou sentindo )
que a maior da alegrias é estar vivo,
e essa agustia, insisto,
herdei dos metais derretidos,
dos que foram esquecidos,
dos adeuses,
das mãos que não vejo mais.
na real, não possuo a resposta,
e assim sigo renascendo,
não aplaudo outra direção,
outra quentura,
longe de qualquer lamento
exibo com orgulho as cicatrizes
que estampam os corpos que me abrigam,
as luzes que circundam as coisas,
o sono que não me trouxe pesadelos
essa noite
( edu planchêz )
quinta-feira, 27 de abril de 2017
trajeto que faço com minha mulher catarina crystal
depois de falar de tantas dores,
desmembradas falas
desmembradas falas
de cousas feridas,
relampejo no que penso
para melhor realizar o faiscar,
a hortênsia viagem,
nos tijolos da casa,
na mó do moinho
relampejo no que penso
para melhor realizar o faiscar,
a hortênsia viagem,
nos tijolos da casa,
na mó do moinho
da alta expressão,
palheta por palheta,
santuários de espadachins
que nos desafiam
palheta por palheta,
santuários de espadachins
que nos desafiam
por dentro do vento
da imaginada batalha
entre o romântico
da imaginada batalha
entre o romântico
ser de cervantes
e o cavalheiro das trevas
de quem não dorme
para alongar o dia noite
e o cavalheiro das trevas
de quem não dorme
para alongar o dia noite
ai você vai dizer
que edu planchêz é
um dos ases
um dos ases
da escrita contemporânea,
ou mergulhar-me na garganta
ou mergulhar-me na garganta
de uma serpente marinha
para que de algum modo
para que de algum modo
eu suma
para não ser ouvido
nem notado
para não ser ouvido
nem notado
a cantora fátima guedes
nos disse que é preciso
não jogar conversa fora,
se somos porta-vozes
não jogar conversa fora,
se somos porta-vozes
do explicável inexplicável,
por que não bradar
que a primeira
por que não bradar
que a primeira
escola de samba nasceu
no estácio de sá
e nas canoas dos tamoios
daqui de dentro?
no estácio de sá
e nas canoas dos tamoios
daqui de dentro?
e esse rio de janeiro...
redigiu em sua barriga versos
que se esparramam
pelos quartéis das formigas,
pelos ouvidos dos que somem
e aparecem nos palco das ruas,
nas labaredas dos enxames
de vespas rajadas
que sobem e descem
pelas franjas dos troncos
das jaqueiras que cresce
na grajaú-jacarepaguá,
trajeto que faço
redigiu em sua barriga versos
que se esparramam
pelos quartéis das formigas,
pelos ouvidos dos que somem
e aparecem nos palco das ruas,
nas labaredas dos enxames
de vespas rajadas
que sobem e descem
pelas franjas dos troncos
das jaqueiras que cresce
na grajaú-jacarepaguá,
trajeto que faço
com minha mulher
catarina crystal
para sair e vir para casa,
para ganhar o mundo
sem a tampa da cabeça
para os pássaros entrarem
para sair e vir para casa,
para ganhar o mundo
sem a tampa da cabeça
para os pássaros entrarem
( edu planchêz )
seres são apenas moscas esmagadas
no reino
desses que espalham
balas e armas,
residem mais que crianças,
morrem mais que pessoas,
morre a dignidade,
residem mais que crianças,
morrem mais que pessoas,
morre a dignidade,
a claridade,
a unidade
a unidade
da esquecida família,
nada de humanidade,
seres são apenas
nada de humanidade,
seres são apenas
moscas esmagadas,
lixo aos olhos
lixo aos olhos
dos que não possuem olhos
a barbárie festeja sua alegria,
seu ódio, ódio pelo ódio,
amor a ganacia,
ao descaso
seu ódio, ódio pelo ódio,
amor a ganacia,
ao descaso
da ambição desmedia
tudo pelo dinheiro, pelo desprezo,
ao vivo e sem cores,
ao vivo e sem cores,
os esquecidos,
os isolados,
os que não precisam
os que não precisam
ter nome
porque ter nome
porque ter nome
é ter direito
de não se afogar
com os porcos no valão
de não se afogar
com os porcos no valão
( edu planchêz )
brasília ás escuras
na isolada brasília,
resmungam os grilos,
os cães de nicolas behr,
os cus dos senhores
os cães de nicolas behr,
os cus dos senhores
deputados senadores,
o mundo envenenado
o mundo envenenado
desses vadios
que envergonham
que envergonham
as dores do parto
de suas mães,
manchando a história
com a paraguaiada
de suas mães,
manchando a história
com a paraguaiada
gestada na fedentina
de suas mentes menores,
de seus corações mortos
de suas mentes menores,
de seus corações mortos
brasília ás escuras
soterrada por vermes
que você por cegueira
soterrada por vermes
que você por cegueira
colocou no poder,
na cadeira do pobre diabo,
nas lanças
na cadeira do pobre diabo,
nas lanças
que enfiam em teu rabo
( edu planchêz )
mundo de merda
mundo de merda
que não me respeita,
que quer comer minha mulher,
idiotas, ratos sem amor,
sem ética, filhos da podridão,
da falta de tudo,
vão se foder
longe da minha poesia,
longe do meu sentimento
de luz absoluta,
eu os deleto
de meu caminho de budha,
e os perdoo
porque vocês
não sabem o que fazem
( edu planchêz )
PÉS
saindo das nuvens do sono,
seguro, ou quase seguro,
no caminho, na direção
no caminho, na direção
do meu outro dia,
do meu outro homem
do meu outro homem
o certo,
é que piso
em meus próprios pés,
acredito ser o lugar
acredito ser o lugar
mais seguro de se pisar
( edu planchêz )
TRIGO
Poema feito de linhas,
de paus de fogo,
de ferventes silabas,
de camadas e mais camadas
de camadas e mais camadas
do gelo das rosas
Manhã, corte obtuso na cena:
ela flutua nos respingos
Manhã, corte obtuso na cena:
ela flutua nos respingos
do néctar que irei provar,
que iremos provar
que iremos provar
muito além do arco-íris,
muito além do guardar-se
muito além do guardar-se
para o nada
Te cerca o poema,
apinhado de abraços,
sorridentes beijos
com fragancia de camomila,
abacaxi com hortelã
apinhado de abraços,
sorridentes beijos
com fragancia de camomila,
abacaxi com hortelã
Sobre as fatias nossas,
caminham aos pedaços
o trigo do chão,
as tranças gestadas
caminham aos pedaços
o trigo do chão,
as tranças gestadas
por nosso amor
( edu planchêz )
mundo sem vento
mundo sem vento,
entupido de apartamentos,
de galinha enlatadas,
de bois no espeto,
de carros amarrotados de gravatas fétidas,
de homens e mulheres vestidos
com a camisa da cbf
pato amarelo da fiesp imbecil,
do estrume
do estrume
copacabana ipanema jardins
e seus habitantes pedantes,
que esqueceram
que como eu caminham
para a morte
prisioneiros das aparências
que servem pastinha
de maionese vagabundo
e caldo de casca de legumes
aos visitantes que estão com fome,
que trabalham apenas para pagarem
os condomínios de luxo
e no máximo do máximo
possuem em suas geladeiras
maconha palha
e cocaína pó de vidro
moído para se fartarem
fudidos habitantes
do planeta ilusão,
mamutes que fingem
que são bacanas
mas na real,
são mais mendigos que os mendigos,
vocês são os mesmos
vocês são os mesmos
que estenderam bandeiras nas janelas
para saudarem
os tanques da tortura em 1964
( edu planchêz )
mundo cego de seres cegos
mundo cego de seres cegos,
de ouvidos e mentes limitadas,
estou farto de todos vocês,
da tua acomodação preguiça;
gentalha moribunda
que vive apenas para comer e cagar,
não percebe mas dorme
sobre as próprias fezes,
sobre os restos que a industria
da mentira gananciosa
atochou no teu rabo de tevê globo
e todos esses robôs mortos vivos
que perambulam pelas ruas
sem saber o que significa estar
sob um céu estrelado,
que nunca ouviu falar
de alma em chamas,
que nunca beijou o chão aquecido
pela morte dos passarinhos,
covardes
( edu planchêz )
vivo
enterrado vivo,
sem espaço para criar,
sem pessoas para ouvir
e sorver minhas invenções,
foi isso que matou elis,
é isso que tenta me matar, porra
( edu planchêz )
se eu tivesse buceta e teta
se eu tivesse buceta e teta,
você ouviria e leria,
ou simplesmente curtiria de mentira
apenas desejando minha bunda,
nunca o que canto e o que escrevo,
escroto, escrota
essa gente de cu,
quer me obrigar a ouvir o que não quero,
o que fede, a puta que pariu de uma música
que não é música que esconde
minha música e a tua música,
que nos enterra vivos;
zero de espaço para o que penso,
zero em tudo, é o fim do mundo,
é o fim da inteligencia, da criatividade,
mundo estragado de pessoas estragadas
( edu planchêz )
barrancos moles
no buraco que me deixa ver a árvore,
ponho o olho, a borboleta e o sapo;
vez por outra emendo as notas do ar
com as notas do ar,
e há terra movendo-se,
e há besouros plantados nas locas,
nos vastos trevos
que se parecem dedos
chamo o jaboti, a cigarra e a ema
para nas âncoras que lanço
com os pé pousarem seus ovos
para nas âncoras que lanço
com os pé pousarem seus ovos
e eu vivo na linha das coisas
que se abrem sobre o capim,
nos alicerces que prendem as plantas
nos barrancos moles
que se abrem sobre o capim,
nos alicerces que prendem as plantas
nos barrancos moles
na venda dos céus compro
o que preciso para mover um sorvete
em direção a boca
o que preciso para mover um sorvete
em direção a boca
( edu planchêz )
A MORTE DOS RIOS
A morte dos rios,
da voz da irmã
Maria De Fatima Guedes
ouvi o que há muito sei,
rios podres apodrecendo
ouvi o que há muito sei,
rios podres apodrecendo
os nossos amores,
da terra aos seres do mais profundo
da terra aos seres do mais profundo
Nossas artérias e veias e vasos,
subterrâneos veios atrofiados
pela desmedida
subterrâneos veios atrofiados
pela desmedida
dos que aqui pensam que vivem
E segue o bicho moribundo que boia
devorado pelo verme dinheiro
deslizando por dentro dos tubos
de cimento e sangue
devorado pelo verme dinheiro
deslizando por dentro dos tubos
de cimento e sangue
( edu planchêz )
domingo, 16 de abril de 2017
o professor e o aluno
( ao professor Lúcio Valentim )
a poesia se torna im ( precisa )
pós devorarmos o peixe
da rotina,
do andarilho sono,
das capitanias amáveis ( ? )
pós devorarmos o peixe
da rotina,
do andarilho sono,
das capitanias amáveis ( ? )
que o professor e o aluno
de literatura gramática
se veja me veja
na roda dos signos
de literatura gramática
se veja me veja
na roda dos signos
que essa assertiva caminhe
pelos rodos acadêmicos
embebecida com os arcos
vindos do cortume
da mesma e única aula
pelos rodos acadêmicos
embebecida com os arcos
vindos do cortume
da mesma e única aula
que você me tache de simbolista
surreal,
mas eu não ando assim,
não cumpro rituais
que me tranque
nas algemas de um mesmo cendeiro
surreal,
mas eu não ando assim,
não cumpro rituais
que me tranque
nas algemas de um mesmo cendeiro
a poesia da praia
de minha seara,
vertiginosa está
para que anote
de minha seara,
vertiginosa está
para que anote
em teus dedos cadernos
algo que a logica não toca,
não toca
algo que a logica não toca,
não toca
( edu planchêz )
esqueletos das nuvens
nos rastros do que vejo,
imprimo,
toneladas de desenhos,
cortes de luas resgatadas
pelas lentes do eu
bem nas margens
toneladas de desenhos,
cortes de luas resgatadas
pelas lentes do eu
bem nas margens
vivas do guaíba,
sorvetes que sorvi
sorvetes que sorvi
nos armazens de alegrete,
esqueletos das nuvens
esqueletos das nuvens
de montevideo
elís regina, à ouço
derramando-me em lágrimas,
em rajadas de sangue,
movido pelo sentimento,
pela reflexão aguda
do que é ser mais que mulher,
do que é rasgar-se
vendida para os mercadores
de invenções
derramando-me em lágrimas,
em rajadas de sangue,
movido pelo sentimento,
pela reflexão aguda
do que é ser mais que mulher,
do que é rasgar-se
vendida para os mercadores
de invenções
a que canta morrendo,
a que debanda-se aos cristais
feitos de ossos
pendidos nas gotas da chuva
a que debanda-se aos cristais
feitos de ossos
pendidos nas gotas da chuva
você compreende?
não? sim? indiferente,
pois a que ultrapassou
todas fronteiras,
não mede passos
por dentro do abismo
não? sim? indiferente,
pois a que ultrapassou
todas fronteiras,
não mede passos
por dentro do abismo
passo a borracha nas borras
deixadas nas coisas
em que pisamos
vendo ou não,
não há como apagar,
não há,
nem carece disso
deixadas nas coisas
em que pisamos
vendo ou não,
não há como apagar,
não há,
nem carece disso
o vento que nos respira
e respiramos
contém as vozes ( nossas )
embutidas no vagão,
nas rodas do veículo
que leva para o fundo o rabisco
de nossas faces e bocas
e respiramos
contém as vozes ( nossas )
embutidas no vagão,
nas rodas do veículo
que leva para o fundo o rabisco
de nossas faces e bocas
( edu planchêz )
agonia de ver um ser amado arrotando cigarros
agonia de ver um ser amado
arrotando cigarros, dói,
mas vos garanto
que minha decisão determinada,
o arrancará por amor dessa bomba
arrotando cigarros, dói,
mas vos garanto
que minha decisão determinada,
o arrancará por amor dessa bomba
veleiro que se ergue
no fundo das trevas,
no poço da sensibilidade,
carrego em meus olhos o odor
do lótus do oriente de meu mestre
no fundo das trevas,
no poço da sensibilidade,
carrego em meus olhos o odor
do lótus do oriente de meu mestre
revolução humana,
revolução de fogo perfumado,
de idéias que hasteiam bandeiras
feitas de folhas
revolução de fogo perfumado,
de idéias que hasteiam bandeiras
feitas de folhas
eu me rendo ao rochedo,
ao tronco da árvore maior,
aos precipícios
ao tronco da árvore maior,
aos precipícios
agonia de ver um ser amado
arrotando cigarros, dói,
mas vos garanto
que minha decisão determinada,
o arrancará por amor dessa bomba
arrotando cigarros, dói,
mas vos garanto
que minha decisão determinada,
o arrancará por amor dessa bomba
( edu planchêz )
Marcel Proust
Marcel Proust
movimenta-se com a chuva
dizendo
"Os dias talvez sejam iguais
para um relógio,
mas não para um homem."
( edu planchêz )
pedras preciosas
nessa aguda hora
de dar e receber,
é que destampo o copo,
a jarra,
o pote,
a caixa,
o vaso de porcelana real
são pratos
e mais pratos abarrotados,
uma praia
que segundo minha mulher,
possui em vez de areia,
pedras preciosas
( protegidas ou ocultas,
por uma fortaleza natural
feita de altas pedras
e abundante vegetação ),
lembrando, fica na suiça,
na austrália, no méxico,
no zaire...
( edu planchêz )
segunda-feira, 10 de abril de 2017
o homem edu planchêz
o homem edu planchêz
tem dores de cabeça
olhando para um botão prateado
( de roupas )
q está sobre o corpo da mesa
do computador
tem dores de cabeça
olhando para um botão prateado
( de roupas )
q está sobre o corpo da mesa
do computador
sobre o corpo
da mesa do computador
move-se o silêncio,
as efêmeras imagens de algo,
que fica a critério de cada leitor
move-se o silêncio,
as efêmeras imagens de algo,
que fica a critério de cada leitor
leitor,
boa madrugada,
bom dia!
q tive na hora
de meu nascimento
leitor,
( eu, você... )
ecoa no charme do momento
o zunido de uma cereja
aberta para os olhos
dos que nada entendem,
para o delicado deguste
( eu, você... )
ecoa no charme do momento
o zunido de uma cereja
aberta para os olhos
dos que nada entendem,
para o delicado deguste
e vou soltando os nós
ao expor o que está nas dobras,
nos contornos dos neurônios,
na solidão molecular
ao expor o que está nas dobras,
nos contornos dos neurônios,
na solidão molecular
estivemos ( eu e catarina )
nas areias águas
nas areias águas
do recreio dos bandeirantes
por toda essa domingo tarde noite,
areia cor de ouro,
por toda essa domingo tarde noite,
areia cor de ouro,
cor de gente simples,
de amigos
de amigos
aqui de jacarepaguá mesmo
o sono das lagoas ( de nossa região )
acalenta jacarés papo-amarelos,
peixes que não sei o nome,
capivaras, oásis e desertos,
mananciais de múltiplas espécies
acalenta jacarés papo-amarelos,
peixes que não sei o nome,
capivaras, oásis e desertos,
mananciais de múltiplas espécies
( edu planchêz )
lennon e dali
lennon e dali,
asteriscos cravados
na flecha lançada
pelo oitavo cavaleiro
da esquadra de dante
asteriscos cravados
na flecha lançada
pelo oitavo cavaleiro
da esquadra de dante
no rinoceronte de bronze
cumpro à risca
o que manda a orgia
das palavras
marcadas com o baton
de minha cantora mulher
cumpro à risca
o que manda a orgia
das palavras
marcadas com o baton
de minha cantora mulher
minha poesia
nada tem haver
com o que é exato,
mas sou exato sendo inexato
nada tem haver
com o que é exato,
mas sou exato sendo inexato
com o peito
e com a testa,
com as pernas
e o abdome,
resvalo na serpente
e com a testa,
com as pernas
e o abdome,
resvalo na serpente
( edu planchêz )
no outro mundo que é esse
o homem que pensa,
o homem que não pensa,
em mim, em ti,
depara-se com reflexões,
a vida e a morte,
o lembrar e o esquecer
o que não compreendo,
e quero e não quero compreender,
triste, feliz, com vontade,
sem vontade
e quero e não quero compreender,
triste, feliz, com vontade,
sem vontade
allen ginsberg,
tenho que lembrar de ti
nesse agora
carregado de interrogações,
de mergulhos,
de agonias e satoris
tenho que lembrar de ti
nesse agora
carregado de interrogações,
de mergulhos,
de agonias e satoris
no outro mundo que é esse,
apenas a poesia consegue
acariciar-me,
atarraxar em mim estrelas-parafusos,
naves de cores fortes,
crianças e peixes,
pássaros inventados
por mestres feiticeiros
apenas a poesia consegue
acariciar-me,
atarraxar em mim estrelas-parafusos,
naves de cores fortes,
crianças e peixes,
pássaros inventados
por mestres feiticeiros
sem nome, sem rosto,
movido pela corrente
da velha chama,
escapo no poema
do desespero de pensar
sobre a morte e o nascimento
movido pela corrente
da velha chama,
escapo no poema
do desespero de pensar
sobre a morte e o nascimento
sou um homem comum,
um que sabe o não saber,
e folheia livros,
a arranca das vísceras o cerume,
o óleo ultrapassado
vindo da noite sem sono,
do canto do sapo azul
que se move nos sonhos
de minha ama catarina crystal
um que sabe o não saber,
e folheia livros,
a arranca das vísceras o cerume,
o óleo ultrapassado
vindo da noite sem sono,
do canto do sapo azul
que se move nos sonhos
de minha ama catarina crystal
e a gala de dali...
e a catarina de edu planchêz...
bem no teto de palha da cabana
onde apenas
e a catarina de edu planchêz...
bem no teto de palha da cabana
onde apenas
somamos beijos aos beijos
( edu planchêz )
mar quente
o ventre que abre e fecha suas asas
bem dentro da casca do ovo
da minha mente, reluz,
e eu que também sou feito de metal
tenho os dedos soltos
no teclado, e sem parar escrevo,
escrevo os nenhum mandamentos,
as preces crescidas nos condados
do mar quente
( edu planchêz )
janela do atrito búdico dos últimos dias da lei
durante a chuva da madrugada,
um magnífico raio partiu-se
sobre as agudas esporas
do valente para-raios,
eu e catarina orávamos,
diante de nosso oratório-janela-cósmica,
janela da visão de dentro,
janela do charco, janela da seca,
janela do atrito búdico
dos últimos dias da lei,
das infinitas horas
de visões mais que múltiplicadas
de heliconius ethilla narcaea
( edu planchêz )
um magnífico raio partiu-se
sobre as agudas esporas
do valente para-raios,
eu e catarina orávamos,
diante de nosso oratório-janela-cósmica,
janela da visão de dentro,
janela do charco, janela da seca,
janela do atrito búdico
dos últimos dias da lei,
das infinitas horas
de visões mais que múltiplicadas
de heliconius ethilla narcaea
( edu planchêz )
o poema de sexta-feira
sou feito de palavras
como todas as coisas o são,
palha, pulo, rama, rota,
rato, remo,
fila, aguardente, manias,
fila, aguardente, manias,
monstros,
vagina, pescoço, artéria...
vagina, pescoço, artéria...
um ciclone de palavras,
um século de palavras
circulando na névoa dos papéis
que assumo para estar dentro
e fora da civilização
um século de palavras
circulando na névoa dos papéis
que assumo para estar dentro
e fora da civilização
hoje cedo, ainda é cedo, 7 e 43
de sexta-feira, o pré-sábado,
o pós quinta, o tudo e o nada,
a realeza do que penso
diante da solidez dos que andam
com as mãos envolvidas
em películas de flores
de sexta-feira, o pré-sábado,
o pós quinta, o tudo e o nada,
a realeza do que penso
diante da solidez dos que andam
com as mãos envolvidas
em películas de flores
vem comigo raiar
movendo os círculos
achados ao acaso
na fenda que nos revela
o grande pasto,
a maravilhosa montanha
movendo os círculos
achados ao acaso
na fenda que nos revela
o grande pasto,
a maravilhosa montanha
relendo o que sempre ganhou
meus olhos,
meu pelo, minha blusa
de manchas vermelhas azuis
( livros...)
meus olhos,
meu pelo, minha blusa
de manchas vermelhas azuis
( livros...)
o poema de sexta-feira
merece a cumplicidade
dos que o contemplam
merece a cumplicidade
dos que o contemplam
( edu planchêz )
O mais feio dos feios
O que escreve,
o que escraviza as palavras,
o que é escravo delas
Observo os que possuem asas,
os tibetanos raios perfumes
que rasgam as páginas
do vento que varre
o circulo que protege
os tibetanos raios perfumes
que rasgam as páginas
do vento que varre
o circulo que protege
as pirâmides
Eu, Conde de Lautréamont,
em Paris,
bem além do entrelaçar
bem além do entrelaçar
das cores do Uruguay
com as cores da planta mãe,
mãe dos que andam
com as cores da planta mãe,
mãe dos que andam
pelas ruas do mundo,
do mundo que nasce
do mundo que nasce
nas pontas dos dedos,
nas pontas das folhas
nas pontas das folhas
que chamamos de olhos
Eu que sou... resolvido ( ? ),
que já andei por tantos filmes,
por tantas cenas,
por alguns seres...
que já andei por tantos filmes,
por tantas cenas,
por alguns seres...
Essas são minhas páginas,
meus simples traços,
o que imprimo na pedra das coisas,
nas carnes dos que me contemplam,
mesmo sendo o mais feio dos feios...
meus simples traços,
o que imprimo na pedra das coisas,
nas carnes dos que me contemplam,
mesmo sendo o mais feio dos feios...
( edu planchêz )
quarta-feira, 5 de abril de 2017
van gogh no mundo
van gogh no mundo,
na malta dos que giram,
no sol cavalo da minha aldeia,
entre os que debulham
o milho derretido
das pinturas
e seguem para longe
das dores vertiginosas
van gogh no mundo,
no alarde,
no despertador da fé,
nas carrancas dos barcos
e o sinal escrito está
nas costas do homem
que estica o braço
para apanhar uma imagem
van gogh word largado
nas primeiras letras,
nos intervalos
que há nas frases que moldo
( edu planchêz )
na malta dos que giram,
no sol cavalo da minha aldeia,
entre os que debulham
o milho derretido
das pinturas
e seguem para longe
das dores vertiginosas
van gogh no mundo,
no alarde,
no despertador da fé,
nas carrancas dos barcos
e o sinal escrito está
nas costas do homem
que estica o braço
para apanhar uma imagem
van gogh word largado
nas primeiras letras,
nos intervalos
que há nas frases que moldo
( edu planchêz )
O POETA
o poeta extremo se alimenta,
amparado por canções,
pelo mantra da flor de lótus
( edu planchêz )
pincéis do mundo
impossível escrever tanto
e não ser notado,
não dilacerado
pelas presas de quem lê,
de quem ovula
e não ser notado,
não dilacerado
pelas presas de quem lê,
de quem ovula
emily dickinson escrevia,
escrevia, escrevia...
pegava os papéis
e colocava numa caixa de biscoito
embaixo da cama...
e não mostrava para ninguém;
o tempo e as borboleta
se encarregaram de espalhar
suas quadras pelos pincéis do mundo,
além do além de todos os relógios
e calendários,
além além de todos
escrevia, escrevia...
pegava os papéis
e colocava numa caixa de biscoito
embaixo da cama...
e não mostrava para ninguém;
o tempo e as borboleta
se encarregaram de espalhar
suas quadras pelos pincéis do mundo,
além do além de todos os relógios
e calendários,
além além de todos
( edu planchêz )
com minhas pernas de planetas
hei de destilar a raiva,
o sentimento de revolta
( por ser ignorado? )
movendo o corpo na direção
das direções,
pelo juramento de nunca abandonar
esse caminho, aconteça o que acontecer,
chova o quanto tiver que chover,
sempre hei de romper a mata
da escuridão com o peito de lótus,
com as pernas de planetas
( edu planchêz )
SIM
assustado, sim,
com algo que não compreendo,
com o meu rosto
refletido nas águas de sal
encantado,
com o meu rosto
refletido nas águas de sal
( edu planchêz )
com algo que não compreendo,
com o meu rosto
refletido nas águas de sal
encantado,
com o meu rosto
refletido nas águas de sal
( edu planchêz )
deixa no oculto
sou edu planchêz
poeta guerreiro da luz,
humano e simples;
incansável escultor de palavras
sem e com sentidos,
devo ser respeitado
deixa no oculto,
poesia não se explica diz Neruda...
o silêncio e o rei talento me basta
( edu planchêz )
BOB DYLAN não te perdoa
"É necessário que o adversário seja um cão,
uma besta leprosa indesejável, que deve ser chutada e cuspida na rua".
tira o microfone da mão dele,
não deixa ele cantar,
arranca a língua dele antes que ele cresça,
antes que ele se torne maior do que eu
tira o microfone da mão dele,
não deixa ele cantar,
arranca a língua dele antes que ele cresça,
antes que ele se torne maior do que eu
o falso mestre se julga o dono da arte,
da poesia que o alimenta não só de comida,
mas também de dinheiro e prestigio
da poesia que o alimenta não só de comida,
mas também de dinheiro e prestigio
tavinho paes me disse, "ele tem o seu valor",
aliás, todos o temos,
eu tenho você sabia?
aliás, todos o temos,
eu tenho você sabia?
compreendo que não sou celebridade
nem fidalgo,
você me descrimina, me expurga,
não tenho ( ainda ) fama e prêmios
para te oferecer,
e foda-se a fama e os prêmios,
e o corujão hipócrita da poesia;
bob dylan não te perdoa,
muito menos seu exercito de tarântulas
você me descrimina, me expurga,
não tenho ( ainda ) fama e prêmios
para te oferecer,
e foda-se a fama e os prêmios,
e o corujão hipócrita da poesia;
bob dylan não te perdoa,
muito menos seu exercito de tarântulas
( EDU PLANCHÊZ )
ouvindo catarina & tom, digo, elis &...
ouvindo catarina & tom,
digo, elis &...
digo, elis &...
você que é feita de cor de laranjas,
me deixa voejar
nos tapetes,
sobre as arábias,
dentro da colmeia...
me deixa voejar
nos tapetes,
sobre as arábias,
dentro da colmeia...
ouvindo catarina & tom,
digo, elis &...
digo, elis &...
escrevo em mandarim
o que desejo,
o que consigo despejar
na jarra por dali pintada
o que desejo,
o que consigo despejar
na jarra por dali pintada
ouvindo catarina & tom,
digo, elis &...
digo, elis &...
e eu
que vivo de experimentos,
de bravas astucias,
de coquetéis,
de avanços e recuos,
ouço a voz das vozes,
a refinada melodia
de tom jobim
& chico
que vivo de experimentos,
de bravas astucias,
de coquetéis,
de avanços e recuos,
ouço a voz das vozes,
a refinada melodia
de tom jobim
& chico
catarina crystal
herdeira seguidora
dessas desses
que remontam as imagens,
as visões
da primeira
e da última sílaba
herdeira seguidora
dessas desses
que remontam as imagens,
as visões
da primeira
e da última sílaba
( edu planchêz )
nijinsky...charlie parker...
nijinsky...charlie parker...
eu sigo essas setas,
esses pássaros em chamas
com as antenas do bigode do gato de jade
eu sigo essas setas,
esses pássaros em chamas
com as antenas do bigode do gato de jade
reinado de faunos mais que deuses,
mais que raposas douradas caminhando
sobre o tapete de neve
mais que raposas douradas caminhando
sobre o tapete de neve
e eu sei o que é belo dentro da flor
de porcelana
ungida pela voz de nossa mãe
de porcelana
ungida pela voz de nossa mãe
nijinsky...charlie parker...
no rumo do evereste noturno,
os acompanho
espalhando borras de tintas,
escaravelhos de seda,
pitadas de lã e água
no rumo do evereste noturno,
os acompanho
espalhando borras de tintas,
escaravelhos de seda,
pitadas de lã e água
achando tudo que preciso
nos mares do mundo,
na consciência de ser poeta príncipe,
o teto da história de tudo
nos mares do mundo,
na consciência de ser poeta príncipe,
o teto da história de tudo
nijinsky...charlie parker...
( edu planchêz )
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