segunda-feira, 15 de maio de 2017

a janta



sob o olhar do bicho 
que mora na berinjela,
preparo nosso alimento,
a janta
de catarina crystal 

e edu planchêz,
dois pássaros mirando 

o digno futuro,
a vasta arte de arder poemas
sobre os símbolos
das criaturas novas


( edu planchêz )

eu e você


palha por palha, folha por folha;
avisto um avião de pele e osso
entrando no campo de força
de minhas palavras corpo e alma

ela dorme sobre as plumas,
doce e bela,
dama semibreve
de minhas colcheias,
sobre a pauta de linhas de tinta,
escrevemos uma sonata,
um rock blues
e eu à amo tanto,
nem se cair toda a água do céu
não será algo mais arco-íris
do que eu e você

( edu planchêz )

ABELHAS TEATRAIS


meu verso preferido nessa hora,
é o verso que nunca escreverei
porque havia de escreve-lo
antes d'eu nascer após morrer

ponho à prova todos os cadernos
que não escureci
por ordem de valente júnior,
por merecer a estrela ]
da decima sétima ordem
dos que afiam a esgrima
nos dentes com caroços de mamão

falando em sementes,
falando em o que comer
após e durante o coito d'euvocê
escancarados no prado
de gramíneas encharcadas
de flores serenas abelhas teatrais

( edu planchêz )

casa da fartura



em aliança 
com a casa da fartura,
arremesso o queijo rosado
sobre o pão 
teu corpo


( edu planchêz ) )

holística


holística boca, a tua,
a porta aérea terrestre 
das magníficas vertigens,
o remo que me serve de nave,
naus coroando na boca do nascer


( edu planchêz )

CANTORA


sobradinho,
a canção de sá e guarabira
esticando esticando o cabelo 
das coisas que se movem,
mas todas as coisas se movem,
mesmo que a olhos comuns 
não percebamos
a natureza de tudo 
é o movimento movimento

pedro couraças,
teu nome sugere tambores,
aguerridas mãos,
movem-se estrelas 
de quase tudo,
movem-se películas,
cena por cena, 
fotografia por fotografia

e "a luneta do tempo"...
cá esteve, cá está...
reinos longínquos vistos
agora são, por esses olhos,
por essas retinas que vê os corais
e seus habitantes
se ajoelharem diante de ti,
princesa minha, cantora
a natureza de tudo 
é o movimento movimento

( edu planchêz )

o Feiticeiro Mago


o Feiticeiro Mago criador 
flutua...
na criação,
nas armações que faço,
no retrato dos retratos

o Feiticeiro Mago,
abre sua cauda
de penas verdes douradas,
ele é a Majestade

( edu planchêz )

A FOICE E O MARTELO, A VASSOURA E O TECLADO


Violeta de outono, 
é a trilha sonora
dessa hora grande,
hora de iluminações,
hora de raspar dos ossos
as amebas que viajam pelo tempo
desde há muito tempo]


E a realeza do meu próximo passo
se escreve nas pistas,
na erva que rema em profusões azuis
pelo ventre da minha mais profunda sala

Essa casa abriga a foice e o martelo,
a vassoura e o teclado
que o poeta usa
para imprimir na superfície 
da história
histórias tão sem estórias 
de tristeza e alegria",
histórias captadas 
do que vai sendo vivido,
do que ocultamos nas mãos
para oferecer ao que tem fome,
para o que nasce ,
ao que quer nascer,
ao que precisa nascer
mesmo que não compreenda
o que isso significa

( edu planchêz )

MEU NOME É SUTRA DE LÓTUS



SOU A SUBVERSÃO 
DE TUDO QUE OPRIME,
QUE NOS PÕE MASCARAS 
DE FERRO NA FUÇA,
MENTIRAS EM NOSSOS CORPOS DE 
ESPINHOS

A DESOBEDIÊNCIA
AO QUE É ESTABELECIDO 
PARA LIMITAR
POR MIM É ABRAÇADA
POR TODOS DOS BRAÇOS
QUE TENHO NO SANGUE,
SEM O MENOR MEDO
DO QUE E QUEM FOR TRUCULENTO

JURO À TERRA CUSPIR MAIS FOGO
QUE TODOS OS VULCÕES
QUE EXISTEM, QUE EXISTIRAM,
QUE EXISTIRÃO;
MEU NOME É SUTRA DE LÓTUS
ANTONIO EDUARDO PLANCHÊZ DE CARVALHO
ÁRVORE GIGANTE DE LUZ
ME RESPEITE QUE EU ME RESPEITO E TE RESPEITO
ATÉ ONDE HÁ LUCIDEZ E BENEVOLÊNCIA
PRIMANDO SEMPRE PELA BENEVOLÊNCIA,
PELO DIÁLOGO, PELA TROCA

( edu planchêz )

JARRO D'ÁGUA


Chuva de meteoros do Halley,
madrugada,
Eta Aquarii, 
que forma o jarro d’água 
da constelação de Aquário,
rasteja em nossa sala

( edu planchêz )

segunda-feira, 1 de maio de 2017

minha mãe colossal



e essa torre de livros,
de telas escritas com vinho argentino
da melhor qualidade,
vinho que compramos
( eu e minha mulher
catarina crystal gala dali planchêz )
cúmplice indescritível,
poeta evereste nirvana
vestida de inca atenas madri,
eu à amo em grau superlativo,
ela é uma escada para o céu de vênus,
o solar de porcelana atlântica


os livros do universo,
do nosso universo homem mulher,
ator e atriz, mapa das mãos e dos pés...

nas esferas transparentes
da casa que nos abriga,
da comida amante deliciosa,
que nos põe nas riscos
em que pisou gandy e sua ama

dedos nos dedos
de nossos lábios de verdades
e belezas,
minha mãe colossal,
rainha de meu reino de paz,
ligados estamos a todas as letras,
a todas as palavras,
a todas as frases proferidas
pelos que não jogam conversa fora

( edu planchêz )

quinta-feira, 27 de abril de 2017

o corpo que me abriga

--------------------- difícil ficar calado 
assim que acordo, abro os olhos e digo 
( porque não estou sentindo ) que a maior da alegrias é estar vivo, e essa agustia, insisto, herdei dos metais derretidos, dos que foram esquecidos, dos adeuses, 
das mãos que não vejo mais. na real, não possuo a resposta, e assim sigo renascendo, não aplaudo outra direção, outra quentura, longe de qualquer lamento exibo com orgulho as cicatrizes que estampam os corpos que me abrigam, as luzes que circundam as coisas, o sono que não me trouxe pesadelos essa noite
( edu planchêz )

trajeto que faço com minha mulher catarina crystal


depois de falar de tantas dores,
desmembradas falas 
de cousas feridas,
relampejo no que penso
para melhor realizar o faiscar,
a hortênsia viagem,
nos tijolos da casa,
na mó do moinho 
da alta expressão,
palheta por palheta,
santuários de espadachins
que nos desafiam 
por dentro do vento
da imaginada batalha
entre o romântico 
ser de cervantes
e o cavalheiro das trevas
de quem não dorme
para alongar o dia noite

ai você vai dizer 
que edu planchêz é
um dos ases 
da escrita contemporânea,
ou mergulhar-me na garganta 
de uma serpente marinha
para que de algum modo 
eu suma
para não ser ouvido
nem notado

a cantora fátima guedes 
nos disse que é preciso
não jogar conversa fora,
se somos porta-vozes 
do explicável inexplicável,
por que não bradar
que a primeira 
escola de samba nasceu
no estácio de sá
e nas canoas dos tamoios
daqui de dentro?

e esse rio de janeiro...
redigiu em sua barriga versos
que se esparramam
pelos quartéis das formigas,
pelos ouvidos dos que somem
e aparecem nos palco das ruas,
nas labaredas dos enxames
de vespas rajadas
que sobem e descem
pelas franjas dos troncos
das jaqueiras que cresce
na grajaú-jacarepaguá,
trajeto que faço 
com minha mulher 
catarina crystal
para sair e vir para casa,
para ganhar o mundo
sem a tampa da cabeça
para os pássaros entrarem

( edu planchêz )

seres são apenas moscas esmagadas


no reino 
desses que espalham 
balas e armas,
residem mais que crianças,
morrem mais que pessoas,
morre a dignidade, 
a claridade,
a unidade 
da esquecida família,
nada de humanidade,
seres são apenas 
moscas esmagadas,
lixo aos olhos 
dos que não possuem olhos

a barbárie festeja sua alegria,
seu ódio, ódio pelo ódio,
amor a ganacia,
ao descaso 
da ambição desmedia
tudo pelo dinheiro, pelo desprezo,
ao vivo e sem cores,
os esquecidos, 
os isolados,
os que não precisam 
ter nome
porque ter nome 
é ter direito
de não se afogar
com os porcos no valão

( edu planchêz )

brasília ás escuras


na isolada brasília, 
resmungam os grilos,
os cães de nicolas behr,
os cus dos senhores 
deputados senadores,
o mundo envenenado 
desses vadios
que envergonham 
as dores do parto
de suas mães,
manchando a história
com a paraguaiada 
gestada na fedentina
de suas mentes menores,
de seus corações mortos

brasília ás escuras
soterrada por vermes
que você por cegueira 
colocou no poder,
na cadeira do pobre diabo,
nas lanças 
que enfiam em teu rabo

( edu planchêz )

mundo de merda



mundo de merda 
que não me respeita, 
que quer comer minha mulher, 
idiotas, ratos sem amor, 
sem ética, filhos da podridão, 
da falta de tudo, 
vão se foder 
longe da minha poesia, 
longe do meu sentimento 
de luz absoluta, 
eu os deleto 
de meu caminho de budha, 
e os perdoo 
porque vocês 
não sabem o que fazem 

( edu planchêz )

PÉS


saindo das nuvens do sono, 
seguro, ou quase seguro,
no caminho, na direção 
do meu outro dia,
do meu outro homem
o certo, 
é que piso 
em meus próprios pés,
acredito ser o lugar 
mais seguro de se pisar

( edu planchêz )

TRIGO


Poema feito de linhas, 
de paus de fogo, 
de ferventes silabas,
de camadas e mais camadas 
do gelo das rosas
Manhã, corte obtuso na cena:
ela flutua nos respingos 
do néctar que irei provar,
que iremos provar 
muito além do arco-íris,
muito além do guardar-se 
para o nada
Te cerca o poema,
apinhado de abraços,
sorridentes beijos
com fragancia de camomila,
abacaxi com hortelã
Sobre as fatias nossas,
caminham aos pedaços
o trigo do chão,
as tranças gestadas 
por nosso amor
( edu planchêz )

mundo sem vento


mundo sem vento, 
entupido de apartamentos, 
de galinha enlatadas, 
de bois no espeto, 
de carros amarrotados de gravatas fétidas, 
de homens e mulheres vestidos 
com a camisa da cbf 
pato amarelo da fiesp imbecil,
do estrume 
copacabana ipanema jardins 
e seus habitantes pedantes, 
que esqueceram 
que como eu caminham 
para a morte

prisioneiros das aparências 
que servem pastinha 
de maionese vagabundo 
e caldo de casca de legumes 
aos visitantes que estão com fome, 
que trabalham apenas para pagarem 
os condomínios de luxo 
e no máximo do máximo 
possuem em suas geladeiras 
maconha palha 
e cocaína pó de vidro 
moído para se fartarem

fudidos habitantes 
do planeta ilusão, 
mamutes que fingem 
que são bacanas 
mas na real,  
são mais mendigos que os mendigos,
vocês são os mesmos 
que estenderam bandeiras nas janelas 
para saudarem 
os tanques da tortura em 1964 

( edu planchêz )

mundo cego de seres cegos


mundo cego de seres cegos, 
de ouvidos e mentes limitadas, 
estou farto de todos vocês, 
da tua acomodação preguiça; 
gentalha moribunda 
que vive apenas para comer e cagar, 
não percebe mas dorme 
sobre as próprias fezes, 
sobre os restos que a industria 
da mentira gananciosa 
atochou no teu rabo de tevê globo 
e todos esses robôs mortos vivos 
que perambulam pelas ruas 
sem saber o que significa estar 
sob um céu estrelado, 
que nunca ouviu falar 
de alma em chamas, 
que nunca beijou o chão aquecido 
pela morte dos passarinhos, 
covardes

( edu planchêz )

vivo


enterrado vivo, 
sem espaço para criar, 
sem pessoas para ouvir 
e sorver minhas invenções, 
foi isso que matou elis, 
é isso que tenta me matar, porra 

( edu planchêz )

se eu tivesse buceta e teta


se eu tivesse buceta e teta, 
você ouviria e leria, 
ou simplesmente curtiria de mentira 
apenas desejando minha bunda, 
nunca o que canto e o que escrevo, 
escroto, escrota

essa gente de cu, 

quer me obrigar a ouvir o que não quero, 
o que fede, a puta que pariu de uma música 
que não é música que esconde 
minha música e a tua música, 
que nos enterra vivos; 
zero de espaço para o que penso, 
zero em tudo, é o fim do mundo, 
é o fim da inteligencia, da criatividade, 
mundo estragado de pessoas estragadas

( edu planchêz )

barrancos moles


no buraco que me deixa ver a árvore,
ponho o olho, a borboleta e o sapo;
vez por outra emendo as notas do ar
com as notas do ar,
e há terra movendo-se,
e há besouros plantados nas locas,
nos vastos trevos 
que se parecem dedos

chamo o jaboti, a cigarra e a ema
para nas âncoras que lanço
com os pé pousarem seus ovos

e eu vivo na linha das coisas
que se abrem sobre o capim,
nos alicerces que prendem as plantas
nos barrancos moles
na venda dos céus compro
o que preciso para mover um sorvete
em direção a boca

( edu planchêz )

A MORTE DOS RIOS


A morte dos rios,
da voz da irmã 
Maria De Fatima Guedes
ouvi o que há muito sei,
rios podres apodrecendo 
os nossos amores,
da terra aos seres do mais profundo

Nossas artérias e veias e vasos,
subterrâneos veios atrofiados
pela desmedida 
dos que aqui pensam que vivem

E segue o bicho moribundo que boia
devorado pelo verme dinheiro
deslizando por dentro dos tubos
de cimento e sangue

( edu planchêz )

domingo, 16 de abril de 2017

o professor e o aluno



 ( ao professor Lúcio Valentim )

a poesia se torna im ( precisa )
pós devorarmos o peixe
da rotina,
do andarilho sono,
das capitanias amáveis ( ? )

que o professor e o aluno
de literatura gramática
se veja me veja
na roda dos signos

que essa assertiva caminhe
pelos rodos acadêmicos
embebecida com os arcos
vindos do cortume
da mesma e única aula

que você me tache de simbolista
surreal,
mas eu não ando assim,
não cumpro rituais
que me tranque
nas algemas de um mesmo cendeiro

a poesia da praia
de minha seara,
vertiginosa está
para que anote 
em teus dedos cadernos
algo que a logica não toca,
não toca

( edu planchêz )

abre



abre
o saco
q
guarda
a
Terra,
abre,
antes
q
a tampa
da
vertigem
se
feche

( edu planchêz )

esqueletos das nuvens


nos rastros do que vejo, 
imprimo,
toneladas de desenhos,
cortes de luas resgatadas 
pelas lentes do eu
bem nas margens 
vivas do guaíba,
sorvetes que sorvi 
nos armazens de alegrete,
esqueletos das nuvens 
de montevideo

elís regina, à ouço
derramando-me em lágrimas,
em rajadas de sangue,
movido pelo sentimento,
pela reflexão aguda
do que é ser mais que mulher,
do que é rasgar-se
vendida para os mercadores
de invenções

a que canta morrendo,
a que debanda-se aos cristais
feitos de ossos
pendidos nas gotas da chuva

você compreende?
não? sim? indiferente,
pois a que ultrapassou
todas fronteiras,
não mede passos
por dentro do abismo

passo a borracha nas borras
deixadas nas coisas
em que pisamos
vendo ou não,
não há como apagar,
não há,
nem carece disso

o vento que nos respira
e respiramos
contém as vozes ( nossas )
embutidas no vagão,
nas rodas do veículo
que leva para o fundo o rabisco
de nossas faces e bocas

( edu planchêz )

agonia de ver um ser amado arrotando cigarros


agonia de ver um ser amado
arrotando cigarros, dói,
mas vos garanto
que minha decisão determinada,
o arrancará por amor dessa bomba
veleiro que se ergue
no fundo das trevas,
no poço da sensibilidade,
carrego em meus olhos o odor
do lótus do oriente de meu mestre
revolução humana,
revolução de fogo perfumado,
de idéias que hasteiam bandeiras
feitas de folhas
eu me rendo ao rochedo,
ao tronco da árvore maior,
aos precipícios
agonia de ver um ser amado
arrotando cigarros, dói,
mas vos garanto
que minha decisão determinada,
o arrancará por amor dessa bomba

( edu planchêz )

Marcel Proust


Marcel Proust 
movimenta-se com a chuva
dizendo 

"Os dias talvez sejam iguais 
para um relógio, 
mas não para um homem."


( edu planchêz )

pedras preciosas



nessa aguda hora 
de dar e receber,
é que destampo o copo, 
a jarra,
o pote, 
a caixa, 
o vaso de porcelana real

são pratos 
e mais pratos abarrotados,
uma praia 
que segundo minha mulher,
possui em vez de areia, 
pedras preciosas
( protegidas ou ocultas,
por uma fortaleza natural
feita de altas pedras
e abundante vegetação ),
lembrando, fica na suiça,
na austrália, no méxico,
no zaire...

( edu planchêz )


segunda-feira, 10 de abril de 2017

o homem edu planchêz



o homem edu planchêz
tem dores de cabeça
olhando para um botão prateado
( de roupas )
q está sobre o corpo da mesa
do computador


sobre o corpo 
da mesa do computador
move-se o silêncio,
as efêmeras imagens de algo,
que fica a critério de cada leitor

leitor,

boa madrugada, 
bom dia!
bom mesmo é rever o rosto
q tive na hora
de meu nascimento

leitor,
( eu, você... )
ecoa no charme do momento
o zunido de uma cereja
aberta para os olhos
dos que nada entendem,
para o delicado deguste

e vou soltando os nós
ao expor o que está nas dobras,
nos contornos dos neurônios,
na solidão molecular

estivemos ( eu e catarina )
nas areias águas 
do recreio dos bandeirantes
por toda essa domingo tarde noite,
areia cor de ouro, 
cor de gente simples,
de amigos 
aqui de jacarepaguá mesmo

o sono das lagoas ( de nossa região )
acalenta jacarés papo-amarelos,
peixes que não sei o nome,
capivaras, oásis e desertos,
mananciais de múltiplas espécies

( edu planchêz )

lennon e dali


lennon e dali,
asteriscos cravados
na flecha lançada 
pelo oitavo cavaleiro
da esquadra de dante
no rinoceronte de bronze
cumpro à risca
o que manda a orgia
das palavras
marcadas com o baton
de minha cantora mulher
minha poesia
nada tem haver
com o que é exato,
mas sou exato sendo inexato
com o peito
e com a testa,
com as pernas
e o abdome,
resvalo na serpente

( edu planchêz )

no outro mundo que é esse



o homem que pensa,
o homem que não pensa,
em mim, em ti,
depara-se com reflexões,
a vida e a morte,
o lembrar e o esquecer
o que não compreendo,
e quero e não quero compreender,
triste, feliz, com vontade,
sem vontade

allen ginsberg,
tenho que lembrar de ti
nesse agora
carregado de interrogações,
de mergulhos,
de agonias e satoris
no outro mundo que é esse,
apenas a poesia consegue
acariciar-me,
atarraxar em mim estrelas-parafusos,
naves de cores fortes,
crianças e peixes,
pássaros inventados
por mestres feiticeiros

sem nome, sem rosto,
movido pela corrente
da velha chama,
escapo no poema
do desespero de pensar
sobre a morte e o nascimento

sou um homem comum,
um que sabe o não saber,
e folheia livros,
a arranca das vísceras o cerume,
o óleo ultrapassado
vindo da noite sem sono,
do canto do sapo azul
que se move nos sonhos
de minha ama catarina crystal

e a gala de dali...
e a catarina de edu planchêz...
bem no teto de palha da cabana
onde apenas 
somamos beijos aos beijos

( edu planchêz )

mar quente


o ventre que abre e fecha suas asas
bem dentro da casca do ovo
da minha mente, reluz,
e eu que também sou feito de metal
tenho os dedos soltos
no teclado, e sem parar escrevo,
escrevo os nenhum mandamentos,
as preces crescidas nos condados
do mar quente


( edu planchêz )

janela do atrito búdico dos últimos dias da lei

durante a chuva da madrugada, 
um magnífico raio partiu-se 
sobre as agudas esporas
do valente para-raios,
eu e catarina orávamos,
diante de nosso oratório-janela-cósmica,
janela da visão de dentro,
janela do charco, janela da seca,
janela do atrito búdico 

dos últimos dias da lei,
das infinitas horas
de visões mais que múltiplicadas
de heliconius ethilla narcaea


( edu planchêz )

sou a fênix

sou a fênix de tudo que gira, 
o umbigo ártico 

dos grandes ventos 


( edu planchêz )

o poema de sexta-feira


sou feito de palavras
como todas as coisas o são,
palha, pulo, rama, rota, 
rato, remo,
fila, aguardente, manias, 
monstros,
vagina, pescoço, artéria...
um ciclone de palavras,
um século de palavras
circulando na névoa dos papéis
que assumo para estar dentro
e fora da civilização

hoje cedo, ainda é cedo, 7 e 43
de sexta-feira, o pré-sábado,
o pós quinta, o tudo e o nada,
a realeza do que penso
diante da solidez dos que andam
com as mãos envolvidas
em películas de flores
vem comigo raiar
movendo os círculos
achados ao acaso
na fenda que nos revela
o grande pasto,
a maravilhosa montanha

relendo o que sempre ganhou
meus olhos,
meu pelo, minha blusa
de manchas vermelhas azuis
( livros...)

o poema de sexta-feira
merece a cumplicidade
dos que o contemplam

( edu planchêz )

O mais feio dos feios


O que escreve,
o que escraviza as palavras,
o que é escravo delas
Observo os que possuem asas,
os tibetanos raios perfumes
que rasgam as páginas
do vento que varre
o circulo que protege 
as pirâmides

Eu, Conde de Lautréamont, 
em Paris,
bem além do entrelaçar 
das cores do Uruguay
com as cores da planta mãe,
mãe dos que andam 
pelas ruas do mundo,
do mundo que nasce 
nas pontas dos dedos,
nas pontas das folhas 
que chamamos de olhos

Eu que sou... resolvido ( ? ),
que já andei por tantos filmes,
por tantas cenas,
por alguns seres...
Essas são minhas páginas,
meus simples traços,
o que imprimo na pedra das coisas,
nas carnes dos que me contemplam,
mesmo sendo o mais feio dos feios...

( edu planchêz )